A sirene da centenária fábrica de papel de Góis, encerrada em finais do século XX, voltou ontem a soar durante um exercício de preparação dos moradores da Ponte do Sótão para eventuais situações de risco por incêndio. Tratou-se de uma demonstração dos programas “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”, criados pelo Governo com o objectivo de aumentar a protecção das populações contra os incêndios florestais, tendo envolvido 25 operacionais de diferentes entidades, apoiados por sete viaturas. No final dos trabalhos, a presidente da Câmara Municipal de Góis, Maria de Lurdes Castanheira, defendeu que a protecção de pessoas e bens face aos incêndios florestais e outras catástrofes «tem de ser um desígnio colectivo». O treino, em que participaram mais de 60 habitantes da Ponte do Sótão, freguesia e concelho de Góis, constitui «uma preparação» para todos estarem «um bocadinho mais aptos» nas situações de incêndio. No fogo de 15 de Outubro de 2017, a população de Góis ficou «muito desprotegida», enquanto quatro meses antes, a 17 de Junho, num primeiro incêndio que deflagrou em simultâneo com o de Pedrógão Grande, «houve muito maior» auxílio dos Bombeiros e meios de socorro em geral, recordou a autarca do PS.«Nós todos somos Protecção Civil», afirmou, na sede de uma colectividade da povoação outrora operária, cuja Companhia de Papel foi fundada em 1821, tendo deixado de laborar na década de 90 do século passado, após ter empregado centenas de pessoas da zona, entre as vilas de Góis e da Lousã. O lugar da Ponte do Sótão, nas margens do pequeno rio Sótão, afluente do Ceira e este, por sua vez, do Mondego, é «uma aldeia prioritária» quanto às medidas de autoprotecção, devido ao «elevado risco de incêndio florestal», disse aos jornalistas o comandante operacional distrital (CODIS) Carlos Luís Tavares, da Protecção Civil de Coimbra. Esta e outras iniciativas idênticas, a realizar no distrito de Coimbra e no país, visam «garantir a segurança das pessoas» e das povoações, sublinhou.Depois de o sino da igreja tocar a rebate, ouviu-se longamente a sereia da antiga fábrica de papel de Góis, pela primeira vez em mais de 25 anos, alertando as pessoas para um incêndio simulado que as levou a refugiar-se na colectividade da aldeia. Além de operacionais e dirigentes da Protecção Civil e da GNR, participaram no exercício representantes dos bombeiros de Góis e de Serpins (Lousã), Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), PSP, Exército, Cruz Vermelha Portuguesa, Federação de Bombeiros do Distrito de Coimbra e EDP, entre outras entidades.