Dando continuidade às visitas que tem efetuado aos concelhos que foram mais afetados pelos incêndios do dia 15 de outubro, o Presidente da República deslocou-se a Arganil, no sábado, tendo sido recebido pela corporação dos Bombeiros Voluntários de Arganil, na Praça Simões Dias. Depois de deixar aos bombeiros locais uma palavra de “reconhecimento e gratidão” pelo trabalho desenvolvido durante os últimos meses, e sobretudo naquele que foi um “verão terrível”, em termos de incêndios florestais, Marcelo Rebelo de Sousa quis também homenagear os familiares dos três mortos que foram vítimas do último incêndio que deflagrou neste concelho, manifestando a sua “solidariedade” neste momento de dor.“Agora é preciso olhar para o futuro”, alegou o Chefe de Estado, lembrando, perante os bombeiros arganilenses, que “não é possível responder a tudo mas a vossa dedicação é ilimitada”. Referindo que os incêndios ocorridos no país, desde junho até outubro, tiveram “custos de vidas humanas, o sacrifício de pessoas, de habitações, de atividades económicas e de área florestal ardida”, o Presidente da República defendeu que “temos de aprender com esta lição”, garantindo que tem estado “atento” às medidas anunciadas pelo Governo. “Até agora, o que pude ver foi uma justa decisão em relação à indemnização das vítimas, uma decisão de empenho em termos de mobilizar fundos para a recuperação em várias áreas, nomeadamente na atividade económica, em termos de corrigir situações que explicaram muito do que aconteceu”, declarou. Congratulando-se também com “a ideia de uma intervenção do Estado no Siresp”, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que o Programa de Emergência “tem de ser urgente” e que “as centenas de milhões de euros anunciados, a ideia é pô-las no terreno o mais rapidamente, em colaboração com as autarquias”.Por sua vez, Ricardo Pereira Alves, aquando a sessão que teve lugar no salão nobre dos Paços do Concelho, agradecendo ao Chefe de Estado pela sua “manifestação de solidariedade”, lamentou que “o concelho de Arganil atravessou, nos últimos dias, os períodos mais difíceis e mais desafiantes que teve”. Contudo, “resistimos, vimos a nossa terra e o território vestido de negro, mas estamos prontos para renascer”, assegurou o presidente da Câmara de Arganil ainda em funções, sublinhando que o concelho pretende “renascer com as pessoas, as empresas e as instituições, que nunca nos faltaram nestes dias de aflição”. Reforçando que “vivemos momentos de tristeza mas temos de pôr os olhos no futuro”, o autarca acrescentou que, a partir de agora, é necessário “transformar um grande problema numa oportunidade”.Na ocasião, o Presidente da República, evocando as três vítimas do incêndio, em Arganil, mencionou também “todos aqueles que sofreram nos seus pertences, nas suas casas, naquilo que era o seu sustento, nas empresas”, constatando que “todas as populações resistira, na medida do possível”. Mostrando-se satisfeito com a “capacidade solidária” da população que tem estado a ajudar as vítimas dos incêndios, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que “aquilo que estamos a viver é dos maiores desafios em Portugal”, enaltecendo que a tragédia que assolou a região norte e centro do país “coloca-nos o desafio da reconstrução, em muitos casos, a partir do zero”. Referindo que, no concelho de Arganil, ardeu “mais de 90 por cento da área florestal”, o Chefe de Estado constatou que “isto é de facto uma enorme catástrofe que se multiplicou em inúmeros municípios”, defendendo que “é preciso seguir o caminho da verdadeira reconstrução e não de remendos”. Ressalvando que este é “um desafio de todos nós”, o Presidente da República, deixando também uma “mensagem de esperança”, acrescentou que “é preciso haver pactos de regime porque se não houver um pacto de regime, não estamos à altura do desafio”.