É já amanhã que vai ser apresentado, na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, em Coja, pelas 21h30, pelo Padre António Borges de Carvalho, o livro “Na Lonjura de Timor”, da autoria de José António Cabrita. Segundo um comunicado enviado ao RCA NOTICIAS, este livro “retrata uma época final do século XIX, em que a Ilha de Timor se tornou local de desterro para pessoas condenadas por vários tipos de crime”, descrevendo, entre muitos outros casos, o percurso de Antero Tavares de Carvalho, natural de Coja, que foi deportado para Timor pelo crime de anarquismo, no ano de 1896. “Escriturário de profissão, inicia em Timor uma nova vida que o leva a assumir diversos cargos públicos em Timor, Moçambique, Guiné, S. Tomé e Príncipe e finalmente em Angola, onde ocupou, no período de 1924 – 1926, o cargo de Governador- geral Interino”, lê-se no mesmo comunicado, onde se informa ainda que faleceu em 1929, quando se preparava para vir a Portugal assumir o cargo de Director de Fazenda Provincial das Colónias. Anunciando que pretende “continuar a estudar este caso”, colocando a hipótese de vir a editar uma segunda edição desta obra, o escritor espera vir a apresentar também, ainda no final deste ano, nos Açores, um ensaio sobre a mesma temática. Sublinhando que neste livro apresenta “um conjunto de casos de deportação política para Timor, desde meados do século XIX até ao último deportado, em 1947”, José António Cabrita, que estudou sociologia, considerou que “um dos casos mais fascinantes é o do natural de Coja”. Confessando ser “um apaixonado por Timor”, onde esteve a fazer o seu percurso militar, o também professor esclareceu que decidiu abordar esta temática num livro em virtude “dos casos que me foram chegando às mãos”, tendo como objetivo “estudar e perceber a história de um país que foi uma colónia”. Revelando que “gostava que este livro fosse interessante em Timor”, José António Cabrita garantiu que “há um universo de pessoas que se interessam por Timor”, até porque “foram muitas as pessoas que lá passaram”, sustentou, informando que “chegaram a estar lá quase 600 deportados”. Acrescentando que este livro, que dedica aos seus pais e a António Monteiro Cardoso, um amigo e historiador que veio a falecer ainda antes de terminar o prefácio desta obra, destina-se “às pessoas que se interessam por história”, o autor desvendou que, para relatar os casos apresentados, para além da sua experiência pessoal, baseou-se em “arquivos nacionais” e “alguns contributos orais dos familiares”.
Refira-se que, no decorrer da apresentação deste livro, será ainda apresentado um testemunho de Catarina Órfão, jovem voluntária, que falará da sua experiência como missionária por terras de Timor.