O centro da vila de Arganil retrocedeu no tempo, até á época de D. João I, para viver, numa iniciativa organizada pelo Agrupamento de Escolas de Arganil, a IX edição da Feira Medieval. Subordinada ao tema “Arraial, arraial pelo mesteiral”, o certame contou com a participação de 40 artesãos, oriundos de norte a sul do país, com venda essencialmente de produtos medievais. Contando com o apoio do município de Arganil, esta edição teve também a participação da Santa Casa da Misericórdia de Arganil, mais propriamente do Orfeon Maestro Alves Coelho, que, ontem, encheu a Igreja da Misericórdia com um concerto preparado exclusivamente para esta feira, intitulado, “O esplendor do canto medieval, da monodia á polifonia…do sagrado ao profano”. O evento, que segundo Anabela Soares surgiu “a partir de um desafio lançado por um professor de história que pertencia ao grupo Vivarte, á nove anos atrás”, começa a ser preparado desde o inicio do ano lectivo, abrangendo todos os alunos do Agrupamento, pois, como sublinhou, “temos alunos a recriar, como artesãos, ou alunos como publico a visitar, mas todos participam de alguma forma”. “É um dia diferente, com o intuito de recriar e vivenciar uma época diferente”, frisou a directora do Agrupamento de Escolas de Arganil, explicando que muitos dos alunos vão vestidos a preceito, uma vez que, sustentou, “ vamos tendo indumentária em espólio, já temos alguns fatos e vamos ano, após ano, adaptando-os ao tema”. Os “Comes e bebes”, não foram esquecidos, com o Agrupamento de Escolas a vender sopas, febras, bôlas, pernil assado entre outros produtos. Ao longo do dia foram também dinamizadas várias oficinas pelos docentes, nomeadamente a oficina de escrita medieval, de doces e sabores, cordoaria e oficina do sal. “Este certame é também um momento de aprendizagem, e para isso temos as oficinas, em que se tentamos ensinar aos alunos um bocadinho do que passava naquela época”, reforçou a dirigente, destacando também a animação que foi uma constante ao longo do dia protagonizada pelo grupo Vivarte. O evento começou pelas 10h:00 com os almocreves, bufarinheiros e mesteirais a acorrerem ao centro da vila, para montarem as suas tendas e bancas, enquanto, que “saltimbancos e menestréis preparavam as suas actuações burlescas e jocosas”. Entretanto ao longo do dia houve treinos de combate pela milícia de homens na Praça de Armas, certificação dos Mesteirais e Mestres de ofícios e artes pelo Almoxarife, e já no período da tarde o arauto anunciou a Ordem do Alcaide de aprestar todos os homens validos para a guerra a mando do El Rei, contra os esbulhamentos constantes de Castela. Á noite e após a chegada dos romeiros e peregrinos de Santiago de Compostela, teve lugar um espectáculo de musica sarracena e danças mouras, seguido de um teatro de fogo sobre uma lenda de Arganil. O auto de encerramento da Feira e lavagem dos cestos e almotolias, deu por encerrada esta IX edição.