Exposição sobre Torga em Arganil

Completaram-se mo dia 17 do correntes mês vinte anos sobre a morte do médico e escritor Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Rocha e patrono da Biblioteca Municipal de Arganil desde 2003. Assim sendo, para assinalar a data, o município de Arganil voltou a expor uma exposição sobre a vida e obra do escritor que já tinha dado a conhecer há cerca de onze anos, tendo sido reinaugurada no final da tarde de sexta-feira e que poderá ser visitada no auditório da referida Biblioteca até meados do mês de Fevereiro.

Intitulada, “Miguel Torga: Orfeu Rebelde”, a mostra, como explicou Margarida Frois, directora da referida Biblioteca, retrata a vida e obra do escritor, estando também patentes algumas das homenagens que lhe foram efectuadas e surgindo dividida em quatro partes. Com efeito, começa pela idade do ouro que retrata os seus primeiros treze anos de vida, passando para a idade da prata que nos continua a dar conta da sua infância “feliz” em São Martinho da Anta, focando a viagem que efectuou ao Brasil, onde permaneceu alguns anos com uns tios e a sua permanência em Coimbra, onde estudou medicina; a idade do bronze, que nos fala sobre o inicio da sua obra e da sua carreira enquanto médico; e a idade do ferro, que dá a conhecer a sua obra e muitas das viagens que efectuou pela Europa, focando o escritor até á sua morte e não esquecendo a sua passagem por Arganil onde exerceu medicina durante alguns anos. A juntar a esta mostra, seguiu-se uma sessão cultural conduzida por Elsa Ligeiro que distribuiu por todos os presentes uma revista de artes e ideias da editora que representa, a Alma Azul. A iniciativa começou com a leitura de um dos poemas de Torga, “Biografia”, terminando com “Orfeu Rebelde”. Pelo meio, e ao longo de cerca de hora e meia de conversa, Elsa Ligeiro deu-nos a conhecer melhor a obra de Torga, focando particularmente uma delas, “Portugal”, um livro de viagens em que caracteriza Trás-os-Montes, por exemplo, como um “Reino maravilhoso”. Interagindo com os presentes que intervinham sempre que desejavam, colocando questões, ou dando as suas opiniões sobre a obra de Torga, a editora, começou por frisar que de facto “o melhor lugar para recordar Torga é precisamente esta Biblioteca que tem o seu nome”, considerando que “por mais que se fale de Torga e se ouçam histórias a seu respeito, é lê-lo”, pois sustentou, “é muito mais importante o que ele escreveu do que as histórias que se contam sobre ele”. A estudiosa de Torga revelou ainda que o livro “Portugal”, “foi feito aos poucos, começando por ser uma conferência sobre Trás-os-Montes”, reputando-o como “o livro mais sociológico de Torga”. Focando também um pouco o seu percurso de vida, Elsa Ligeiro, apelou á leitura ou á releitura dos livros do escritor de São Martinho da Anta, frisando que, “os autores valem por aquilo que escrevem, e não há melhor forma de dos conhecer do que os ler”, considerando que Miguel Torga, “nunca morre”, pois sustentou, “um autor nunca morre enquanto tiver leitores”. Já Margarida Frois assegurou que Torga “continua a ser para nós uma referência”, afirmando que “para além desta Biblioteca ter o seu nome, há toda uma envolvência e uma vivência dele que nos toca, já para não falar da vasta obra que nos deixou”. A sessão contou também com a presença de Graça Lopes, em representação da Câmara Municipal de Arganil que agradecendo á editora Elsa Ligeiro a sua disponibilidade para conduzir a referida sessão cultural, desejou que “todos saiam daqui mais ricos e com um conhecimento mais profundo sobre Torga”.

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